Crônica: A vida aqui dentro


   Hoje fez um dia lindo. Mesmo com a temperatura mais baixa, a poluição menor e o céu azul praticamente, me forçaram a botar o nariz para fora de casa. Mas veja bem, um nariz devidamente protegido por uma máscara capaz de filtrar 95% das partículas do ar, porque eu não sou bobo nem nada. Sair de casa para ir ao supermercado e a padaria normalmente não seriam interessantes o suficiente para que eu sentasse e escrevesse sobre isso, mas em tempos de surto de infecções por corona vírus no mundo todo, qualquer oportunidade de ser pôr a cara no sol deve ser aproveitada (e apropriadamente registrada).

    Já fazia quase uma semana que eu não saia de casa e a minha lista de atividades diárias na quarentena anda ficando um pouco repetitiva. Eu leio, vejo filmes, maratono séries, cozinho (a coisa que mais gosto), ouço podcasts, limpo a casa (que aliás nunca esteve tão limpa), tenho aulas online, organizo os armários, faço listas de estudo, e repito tudo de novo, talvez numa ordem diferente só para dar uma diferenciada.

      A vida segue em frente, ainda que com ruas semi-desertas em plana “hora do rush”, mas os comércios reabrem aos poucos. As únicas coisas em falta nos mercados e lojas são máscaras de proteção e álcool gel, e em qualquer lugar que você for entrar vão checar a sua temperatura para se certificar que você não está doente.

     Essa temporada confinado é a prova definitiva de que eu não aguentaria muito tempo no BBB sem surtar. E como há males que vem para bem, ela me fez ter tempo e disposição suficientes para descobrir novas habilidades, como por exemplo escrever crônicas. Torço para que o Corona vírus deixe a gente em paz logo e eu possa ir ao mercado, farmácia e escola sem máscara e sem peso na consciência em breve, mas torço também que eu consiga continuar arranjando um tempinho para escrever mesmo que esteja um dia lindo lá fora.

 

Autor: Rafael E. Fosaluza da Silva 

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