Crônica: Quando cresce quer voltar do início

 


     Lembro da terra nos pés, sabe? Do pé que ficava preto de tanta sujeira. Quando todo dia era legal, todo dia era bom e eu só cansava de ter que correr atrás da bola, quando eu só pcansava de brincar e de não ter ideia de outra brincadeira.

      Sabe, quando a gente escolhia quem era o vilão da brincadeira? Quando ninguém tinha tanta maldade no coração, no máximo para dedurar quem estava escondido e ainda não tinha sido encontrado. Não essa maldade que a gente vê no mundo, todo mundo querendo derrubar todo mundo, querendo ser melhor que todo mundo, eu só queria fazer um gol ou então ganhar um brinquedo novo, eu só queria terminar o dia sem o joelho ralado.

      Lembro que eu ficava querendo crescer, achando que a vida ia ser muito diferente, e realmente ela é, mas não do jeito que eu imaginei. Nós sonhamos demais, né? Atualmente estou com 16 anos, prestes a finalizar o Ensino médio, e já bate uma certa insegurança em relação a como será a partir de agora?

“É que a gente quer crescer e quando cresce quer voltar do início, porque um joelho ralado dói bem menos do que um coração partido”. Sempre ouvia essa música da Kell Smith e nunca dava tanta importância de quão verdadeira ela é.

      Hoje eu sei que eu queria voltar mesmo para quando a nossa maior preocupação era se o dia tinha escurecido rápido demais e que a gente já tinha que voltar para casa, ou então, quando a gente ficava com medo de chegar em casa com o joelho ralado e a mãe ter que passar “mertiolate”, porque o mertiolate antigamente ardia, e a gente morria de medo. Agora eu sei, e parece clichê, mas se eu pudesse voltar no tempo, diria para eu mesmo aproveitar mais minha infância. Hoje, eu que não posso, vivo tentando trazer nostalgia para o coração de quem lê o que eu escrevo, porque nostalgia é quase tão bom do que o sentimento da saudade, os dois juntos são ótimos.

“É que a gente quer crescer e quando cresce quer voltar do início, porque um joelho ralado dói bem menos do que um coração partido”. Se eu pudesse deixar de lado essa parte do coração partido... (tomara que esse demore bastante para acontecer, ou melhor, não aconteça).

 

Autor: Rafael E. Fosaluza da Silva 

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