Não tenho nada contra elas. Não me assustam, não me angustiam, nem atormentam. Gosto delas, tão brancas, prenhes de possibilidades, cheias de compreensão e paciência. Podem ficar eternamente vazias, flutuando na estratosfera, sem nunca ser trazidas para este nosso mundo esquisito. E tudo bem.
Elas aterrorizam escritores em crise de
criatividade, estudantes em provas de redação, mas a mim não causam aflição.
Posso preenche-las com facilidade, como se outras mãos digitassem o teclado ou segurassem
a lapiseira dourada.
Se permanecerem virgens ajudam o
planeta, evitam que novas árvores sejam cortadas para dar lugar a novas
páginas, de novos cadernos a serem preenchidos com inutilidades. Mas sempre
podem ser abrigo de sentimentos, equações ou descobertas científicas capazes de
alterar nossa forma de viver.
Trazem em si, em seu vazio repleto de
possibilidades, a esperança de um novo romance, uma obra prima, um desabafo ou
uma revelação. Afinal, é da folha em branco que tudo começa, seja um desenho,
um texto, ou um simples rabisco repleto de significados. Percebo que toda ideia
nasce de uma folha em branco, seja para simplesmente expressar nossa ideia
primária, ou até mesmo por uma única tentativa, superar nossas expectativas e
alcançar a “obra prima”.
Autor: Rafael E. Fosaluza da Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário