Estava uma tarde quente e ensolarada, o que é típico em minha cidade (mesmo estando no inverno). Não queria sair de casa, mas tinha um compromisso importante, estava com dentista marcado. Não poderia faltar pois isso prejudicaria no tratamento de meu aparelho odontológico, e como não vejo a hora de “ficar livre dele”, é melhor não perder nenhuma consulta.
Passei dias pensando e analisando, até
chegar a uma conclusão de qual cor de elástico colocar, uma indecisão que persegue
todos que usam aparelho. Já tinha colocado praticamente todas as cores do
catálogo, e não sabia qual seria a próxima.
Eu estava a caminho do dentista ainda pensativo, observava ao redor para
procurar alguma inspiração, talvez uma cor chamativa, ou uma simples pintura em
um muro que despertasse o interesse e o gosto por aquele tom.
Sei que não é tão difícil escolher uma
única cor em meio as vinte presentes no catálogo, mas eu queria inovar um
pouco, pensava em uma cor não tão extravagante, e tampouco pálida e “sem
graça”. Chegando no consultório, me sentei na cadeira e a consulta começou,
começamos com a limpeza de rotina e então, o dentista pronunciou a frase que eu
tanto esperava: "Qual cor vamos colocar hoje?". Fiquei um minuto em
silêncio, sem saber o que responder pois ainda não tinha decidido. Considerando
a ansiedade e um pouco de pressão da parte dele acabei por responder: “branco”
(simples e discreto).
Senti-me aliviado, pensando que toda a
indecisão havia terminado, mas todo esse sossego foi em vão. Ele me olhou com
uma cara um pouco debochada e risonha, e disse: “Infelizmente o branco acabou”.
E começou tudo de novo, estava novamente diante da inquieta dúvida “Qual cor
colocar? ”.
Autor: Rafael E. Fosaluza da Silva
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