Tem criança que não ganha presente. Que não é inocente por um acaso
qualquer. Hoje, alguma criança terá plantada em seu coração a semente do ódio.
Por descuido, sabe? Alguma infância será perdida e jamais será encontrada. Hoje,
uma criança nascerá em berço de ouro e terá direito a tudo o que quiser.
Enquanto, no mesmo momento, dez nascerão para morrer. Tem crianças que passam fome, enquanto
muitas jogam comida fora por não gostarem daquilo, mesmo não tendo
experimentado.
Hoje, perderemos algumas crianças para a
guerra. Uma guerra que a gente incentiva, fomenta e aplaude de pé quando
ficamos adultos. Quando perdemos a essência de ser
criança. Hoje, olharemos para essas crianças indiferentes. Diremos: “Ah,
escolha ser diferente. Mude seu destino. Tenha força de vontade. Busque o seu
mérito.” Como se as opções estivessem disponíveis em uma prateleira do
supermercado!
E por falar em
mercado, crianças entrarão no supermercado, na loja, no shopping e terão todos
os olhares voltados para si. Dos seguranças, principalmente. Seja pela roupa,
pela cor da pele, pelo jeito simples de ser criança.
Crianças serão
separadas de outras crianças por seus pais acharem que elas devem se relacionar
com crianças da mesma classe Social. É exatamente quando começamos a criar os
monstros. Dos dois lados. A inocência começa a se perder, e o preconceito a
aparecer, tudo influenciado pelo modo da educação dada pelos pais.
Hoje, alguma
criança pagará o preço alto de ser criança. E morrerá em silêncio. Sem defesa.
Depois, alguma criança lhe estenderá as mãos para pedir comida e você negará.
Outro negará. E todos os ‘nãos’ dirão àquela criança que ela pode ser o que
quiser. Inclusive o vilão mais fácil de ser derrotado pelas mãos do Estado.
E quando alguém
gritar que devemos punir com mais vigor menores infratores, não devemos
esquecer: Os menores, antes de serem infratores, já nascem punidos pelo vigor
do futuro que ajudamos a construir. Que estamos ajudando a manter. Que estamos
empenhados em não mudar.
Autor: Rafael E. Fosaluza da Silva
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