Normalmente, não gosto de acompanhar noticiários e reportagens, pois no mundo atual em que estamos vivendo, só escutamos inúmeras tragédias, e em meu tempo livre, aproveito para me desligar um pouco do “mundo real”. Porém, em meio ao clipping de notícias, fiquei abismado com o crescimento exponencial do feminicídio (assassinato de mulheres pelo fato de serem mulheres). Não bastando perceber um avanço das manchetes, escutei mais três relatos que sequer tinham surgido nas notícias, contando detalhes assustadores de outras agressões cometidas recentemente.
Não existe uma explicação lógica para o
isso. Tentar encontrá-la é diminuir a gravidade do ato. Temos uma tendência um
tanto antiga, de achar um motivo para tudo, o que é uma forma de nos
tranquilizar e dizer que não faríamos aquilo. No entanto, um feminicídio é um
ato de ódio cometido contra uma mulher, e é preocupante e inadmissível que se
tente diminuir este fato dizendo que foi um gesto de ciúme ou um desvario
amoroso encerrado em tragédia.
Fico me perguntando: Até quando mulheres
serão forçadas a fazer algo que não querem? Até quando elas vão ser tratadas
como “objeto” por homens babacas, que não tem um pingo de caráter? Até quando
crimes como esse vão ser encobertados pela sociedade? O que mais me dói é que enquanto estou
escrevendo este texto, há muitas mulheres sendo agredidas em diversas partes do
mundo, e na maioria das vezes, elas ainda são julgadas por uma sociedade
extremamente machista e preconceituosa. Até quando? Respondo: Até perderem a
vida? Quantas pedidos de socorro são “dispensados” e ignorados por familiares
que se referem a ele com uma “simples briga de casal”.
Devemos deixar de considerar como “ato
romântico que deu errado” um crime de ódio. Também é essencial que tenhamos
muita atenção sobre as palavras que proferimos ou que estão ao nosso redor.
Podemos ser a gota involuntária que faltava para encher o copo de uma pessoa,
assim como podemos escutar a tragédia antes dela acontecer. No entanto, mais do
que tudo, o importante seria deixarmos de lado as fantasias românticas que
cercam inclusive os discursos ao nosso redor e passar a atacar o feminicídio
como aquilo que ele é: um crime imperdoável!
Autor: Rafael E. Fosaluza da Silva
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